Testes em Animais na Indústria: Ética, Regulações e Inovações

Testes em Animais na Indústria Ética, Regulações e Inovações

Os testes em animais, apesar de parecer um método ultrapassado, ainda é uma prática presente nos dias atuais e infelizmente causa a morte de 500.000 animais todos os anos.

Além de os testes em animais provocarem um grande debate ético, eles não trazem nenhum benefício a mais quanto a segurança dos produtos. Pelo contrário, os métodos cruelty free têm demonstrado prever com precisão superior as reações em humanos.

Quando começou os testes em animais?

Os testes em animais são práticas antigas na história, remontando a muitos séculos.

Aristóteles (384-322 a.C.), na Grécia Antiga, foi um dos primeiros a realizar dissecações em animais afim de entender a anatomia e funções biológicas, conforme registrado.

Assim, esses experimentos tinham como objetivo a compreensão do corpo humano e animal.

No decorrer da história, outros nomes ficaram marcados por essas práticas, como por exemplo, Galeno no século II, René Descartes no século XVII e Pasteur no século XIX.

No século XX, houve um avanço no desenvolvimento da biomedicina moderna e o uso de animais em testes se tornou uma prática padrão, conforme vemos nos dias atuais.

Questiona-se cada vez mais a ética desses testes, o que, por sua vez, levou ao desenvolvimento e à adoção de alternativas cruelty-free em muitos campos da ciência.

Animal Welfare Act

Até a década de 1960, não havia leis federais regulamentando a pesquisa com animais ou estabelecendo padrões para o bem-estar dos animais de laboratório.

Assim, sem supervisão federal, os pesquisadores conseguiam os animais de formas questionáveis, como por exemplo, com comerciantes não licenciados e abrigos de animais superlotados.

Além disso, os pesquisadores os mantinham em instalações deploráveis, realizando uma variedade de experimentos e procedimentos cruéis e desnecessários sem anestesia ou outras intervenções de manejo da dor.

Com a finalidade de acabar com essas práticas desumanas, o Congresso dos Estados Unidos aprovou o Animal Welfare Act em 1966. Essa foi a primeira legislação a regular o uso de animais em pesquisa, estabelecendo, assim, padrões mínimos para o tratamento humanitário de animais de laboratório.

Vale mencionar que essa lei surgiu, também, em resposta à história do dálmata Pepper, onde um comerciante roubou Pepper da casa de sua família na Pensilvânia com o intuito de vendê-lo a um hospital em Nova York, onde ele foi, lamentavelmente, submetido a testes, morto e incinerado.

Somado a isso, a revista Life publicou um artigo intitulado “Campos de concentração para cães”, o que impulsionou a aprovação do Animal Welfare Act.

A partir daí, várias outras leis e diretrizes foram surgindo e sendo implementadas em todo o mundo para regular e minimizar o uso de animais em pesquisa científica.

Como se fazem os testes em animais?

Como se fazem os testes em animais

Os testes em animais são um processo complexo que envolve várias etapas, desde a obtenção ou criação desses animais até os experimentos a que serão submetidos no laboratório.

A partir de similaridades com a genética humana, é determinado as espécies desses animais e, por isso, ratos, coelhos, hamsters, porquinhos-da-índia, porcos, ovelhas, gatos, cachorros e macacos são os principais alvos.

Assim, eles expõem esses animais a diversos tipos de testes para verificar o nível de tolerância a cada composto e a interação entre os diferentes compostos químicos presentes nas formulações.

Quais são os testes feitos nos animais

Os animais são submetidos a diversos tipos de testes e de diversas maneiras, podendo haver, por exemplo, administração oral, injetável, aplicação dérmica, etc.

Após a administração, os pesquisadores monitoram os animais para ver os impactos das substâncias no organismo deles.

Teste de irritação ocular

O teste de irritação ocular é realizado principalmente nos coelhos, pelo fato de possuírem um globo ocular maior. Assim, eles imobilizam o animal e pingam o composto que querem testar, avaliando se haverá dor, hemorragia, inchaço, vermelhidão ou cegueira.

Além disso, também testam a partir de qual dosagem o produto pode causar reação adversa.

Teste de irritação na pele

No teste de irritação na pele, os pesquisadores raspam o pêlo do animal com o objetivo de deixar a pele exposta e aplicar o produto diretamente sobre ela.

Após isso, avaliam a resposta dessa exposição durante um período de 10 a 15 dias, observando efeitos colaterais que podem variar desde coceira até graves queimaduras.

Teste de fototoxicidade

O teste de fototoxicidade é igual ao teste de irritação na pele, porém com uma etapa a mais.

Assim, a pele exposta com o produto aplicado é submetida a raios ultravioleta, para analisarem o comportamento da substância quando entra em contato com raios solares.

O efeito na pele dos animais vai de descamação até queimaduras.

Teste de toxicidade

O teste de toxicidade principalmente em macacos, devido à semelhança anatômica com os seres humanos.

Esse teste consiste em introduzir o produto no estômago do animal, através de uma sonda que colocam na boca ou diretamente na barriga com o objetivo de analisar a toxicidade do produto em caso de ingestão.

Esse tipo de teste, via de regra, só finaliza com a morte do animal, pois os pesquisadores visam descobrir qual a dose letal da substância.

O que acontece com os animais depois dos testes?

Após a conclusão dos testes, o destino dos animais varia dependendo de qual experimento ele foi submetido e das políticas da instituição de pesquisa.

No entanto, na maioria dos casos, os animais não sobrevivem.

Por outro lado, os animais que sobrevivem ficam tão afetados psicologicamente e fisicamente que, frequentemente, os próprios pesquisadores acabam sacrificando-os.

Um outro cenário, é o animal que ainda se encontra em boas condições de saúde. Nesse caso, os pesquisadores acabam utilizando-os em novas pesquisas. Isso ocorre com espécies pequenas, como por exemplo roedores, que passam a vida inteira sendo submetidos a diversos tipos de experimentos.

Em casos raros, as pessoas podem adotar os animais, dependendo da espécie. Mas, isso só ocorre quando não houve danos permanentes.

Qual o problema em se realizar testes em animais?

Qual o problema em se realizar testes em animais

Os testes em animais é uma prática com muitos questionamentos e controvérsias, que levantam uma série de questões éticas, científicas e econômicas, sendo que a principal problemática levantada em torno desse assunto é a questão ética.

Muitos defensores dos direitos dos animais argumentam que é moralmente errado causar sofrimento a seres sencientes para benefício humano, levando-se em conta que os animais passam por dor e sofrimento significativos, sem contar na morte.

Além disso, outro ponto levantado, é a diferença biológica entre os seres humanos e os animais submetidos aos testes, visto que as respostas que um ser apresenta a uma substância pode diferir significativamente das respostas humanas.

Por exemplo, um medicamento que funciona em um camundongo, pode não ser seguro ou eficiente para um ser humano, por questões óbvias de que: um ser humano não é um camundongo.

Aproximadamente 90% dos medicamentos que se mostram promissores em testes pré-clínicos com animais falham durante os ensaios clínicos em humanos. Logo, há indícios de que os resultados em animais nem sempre são válidos para humanos também.

Por que a indústria usa animais para testes?

Por que a indústria usa animais para testes

A indústria justifica a realização de testes em animais afirmando que é necessário garantir que o produto seja testado em tecidos biológicos antes que seres humanos sejam expostos a ele.

Eles acreditam que dessa forma podem se resguardar quanto à segurança do que está sendo colocado no mercado.

Porém já está muito claro que os testes em animais não são necessários.

Os avanços científicos nos trouxeram métodos alternativos e éticos para testar a segurança dos cosméticos, além de serem opções com mais precisão, eficiência e economia.

Então, é possível produzir cosméticos sem testar em animais?

Então, é possível produzir cosméticos sem testar em animais

Sim. É possível produzir cosméticos sem testar em animais.

Atualmente, já existem diversas maneiras de testar a segurança de um produto sem a necessidade de causar sofrimento aos animais durante o processo.

Cultura de células

Uma das alternativas mais promissoras é o uso de culturas de células.

Atualmente, os cientistas conseguem cultivar quase todo tipo de célula humana e animal em laboratório, incluindo estruturas tridimensionais que imitam órgãos humanos em miniatura.

Essas culturas de células proporcionam uma forma mais realista de testar novas terapias e entender processos biológicos.

Tecidos humanos

Outra abordagem eficaz é o uso de tecidos humanos doados, tanto saudáveis quanto doentes.

Esses tecidos são obtidos de voluntários que passaram por cirurgias, biópsias, ou até mesmo após a morte.

Assim, os cientistas usam os modelos de pele e olhos feitos de pele humana reconstituída para substituir os testes cruéis comumente feitos em coelhos.

Modelos de computador

Com a sofisticação crescente dos computadores, os modelos computacionais têm se tornado uma ferramenta poderosa para replicar aspectos do corpo humano.

Dessa forma, os cientistas usam modelos de órgãos como coração, pulmões, rins, pele, sistemas digestivo e músculo-esquelético para conduzir experimentos virtuais.

Além disso, ferramentas de prospecção de dados também ajudam a prever a toxicidade de substâncias com base em informações existentes de outras substâncias semelhantes.

Assim, esses modelos computacionais oferecem uma forma segura e eficiente de testar novos produtos e entender seus impactos.

Testes em animais no Brasil

Testes em animais no Brasil

No Brasil, a Lei Arouca (Lei nº 11.794) regulamenta os testes em animais. Essa lei estabelece normas para o uso de animais em atividades de ensino e pesquisa científica, com o objetivo de garantir o bem-estar animal e a ética nos procedimentos.

Assim, em alguns estados o uso de animais em testes é proibido, mas isso não se aplica a todo o território nacional.

Nos últimos anos, o Brasil tem feito progressos significativos na adoção de métodos alternativos aos testes em animais. Por exemplo, instituições de pesquisa e empresas estão investindo em tecnologias como culturas de células, tecidos humanos e modelos computacionais para testar a segurança e eficácia de novos produtos, sem a necessidade de utilizar animais nesse processo.

Vale ressaltar também que, em 2014, o Estado de São Paulo foi pioneiro ao aprovar uma lei que proíbe o uso de animais em testes para a fabricação de cosméticos, perfumes e produtos de higiene pessoal. Essa legislação, portanto, representou um marco importante e incentivou outras regiões e empresas a seguirem o mesmo caminho.

Selo Cruelty Free

Selo Cruelty Free

O selo “cruelty-free” é uma certificação concedida a produtos e empresas que não realizam testes em animais em nenhuma fase de desenvolvimento e produção.

Esse selo é um indicativo de que a marca adota práticas éticas, utilizando métodos alternativos que não envolvam crueldade animal.

Para obter essa certificação, as empresas devem passar por uma rigorosa auditoria conduzida por organizações de proteção animal reconhecidas.

A presença do selo “cruelty-free” nos produtos é uma garantia para os consumidores de que estão fazendo uma escolha consciente e alinhada com os princípios de bem-estar animal e responsabilidade social.

O que podemos fazer para ajudar a parar os testes em animais?

Para ajudar a acabar com os testes em animais, podemos adotar várias ações significativas.

Em primeiro lugar, dialogar e conscientizar nossos amigos e familiares sobre o problema e os impactos negativos vai ajudar a aumentar o número de pessoas contra essas práticas e, consequentemente, menos pessoas colocando dinheiro em empresas que testam em animais.

Isso é um sinal importante para o comércio entender que os consumidores não estão mais aceitando esse tipo de prática.

Além disso, doar para organizações que lutam contra os testes em animais.

A maioria delas são organizações sem fins lucrativos e que dependem da doação de outras pessoas para que possam continuar fazendo seu trabalho.

Opte sempre por produtos cruelty-free.

Hoje em dia as prateleiras de supermercados, lojas de cosméticos e farmácias já estão lotadas de produtos que não testam em animais.

Comprando esses produtos você mostra para as empresas que há demanda e, eventualmente, os produtos que testam em animais perdem seu lugar nas prateleiras.

Conclusão

Em conclusão, os testes em animais representam uma prática ultrapassada e antiética que as empresas devem eliminar das suas práticas nos dias atuais.

Com o avanço da ciência e da tecnologia, temos à nossa disposição métodos inovadores, como culturas de células, modelos de computador e tecidos humanos, que não só são mais éticos, mas também proporcionam resultados mais precisos e relevantes para a saúde humana.

Dessa forma, ao promover a conscientização, apoiar organizações dedicadas ao fim dos testes em animais e escolher produtos cruelty-free, cada um de nós pode contribuir para a eliminação dos testes em animais.

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