Essa é mais uma tragédia anunciada, mas que não deixa de causar extremo choque. No último dia 11, pescadores da comunidade do Igarapé do Costa, começaram a notar um aumento na morte dos peixes – que se agravou nos dias subsequentes.
Entre 15 e 20 toneladas de peixes, além de outros animais como tartarugas, jacarés e arraias, foram encontrados mortos. A causa? O calor extremo e a seca severa que vêm acometendo a região já há algum tempo.
Isso não se trata apenas de um desastre ecológico. É mais um dos milhões de alertas sobre as graves consequências das mudanças climáticas, que são agravadas pelo desmatamento e pela falta de ações efetivas por parte dos governos.
Essa tragédia em Igarapé expõe, também, as comunidades que dependem desse ecossistema para sobreviver.
O que está acontecendo no Igarapé do Costa?

A morte de diversas espécies de peixes, e outros animais marinhos, em Igarapé, é consequência direta de eventos climáticos extremos, que têm se intensificado cada vez mais, ao contrário do que os negacionistas do clima acreditam.
Alguns fatores que contribuíram para essa tragédia anunciada foram:
1 – Calor recorde: em 2024, a temperatura das águas em Igarapé chegou a 39°C em alguns pontos. Essa temperatura é incompatível com a vida para a maioria das espécies aquáticas. Como parâmetro de comparação, a temperatura média considerada normal é de cerca de 30°C.
2 – Estiagem prolongada: a falta de chuva nos últimos meses agravou muito o problema. Os níveis dos rios diminuíram e os animais aquáticos ficaram mais expostos ao calor e uma baixa quantidade de oxigênio na água.
3 – Fatores climáticos globais: O aquecimento do Atlântico Norte e o El Niño são dois fenômenos que pioraram essa situação. Eles modificam os padrões de chuva e de calor na Amazônia, transformando a floresta tropical em uma zona de calamidade ambiental.
Impactos Diretos: O Custo Ecológico e Humano
A morte de 15 a 20 toneladas de peixes não representa apenas uma perda numérica.
Espécies fundamentais para o equilíbrio do ecossistema, como bagres e pirarucus, foram mortas.
Outros animais maiores, como jacarés e arraias, que dependem desses peixes como fonte de alimento, também morreram. Pensando na cadeia alimentícia, esse efeito cascata ameaça o equilíbrio de todo o ecossistema.
Além disso, os rios da Amazônia têm um papel fundamental na regulação do clima global e na conservação da biodiversidade. Eventos como esse colocam em risco a integridade de um dos sistemas naturais mais importantes que a gente tem.
Quando pensamos nas comunidades que vivem nessa região, os rios são uma fonte importante para a renda de muitas dessas pessoas e, também, fonte de alimento.
Com a morte de tantas espécies de peixes, essas comunidades acabam enfrentando um problema sério de segurança alimentar e colapso econômico. Sem peixes para pescar e vender, a subsistência dessas famílias fica comprometida.
Além disso, o custo psicológico também é um fator agravante. A ligação cultural e espiritual que essas comunidades têm com os rios é profunda, e a destruição disso representa uma perda irreparável.
Uma Crise Global Refletida no Local

Essa tragédia em Igarapé não é um evento isolado. É mais uma das ocorrências que refletem as mudanças globais vigentes, que são agravadas pelo desmatamento e exploração desenfreada.
Segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), eventos climáticos extremos, como secas severas e ondas de calor, estão se tornando mais frequentes e intensos por causa do aumento das emissões de gases de efeito estufa.
A Amazônia, especificamente, está em um ponto crítico.
Seu desmatamento reduz a capacidade da floresta de regular o ciclo hídrico e agrava as secas, contribuindo para a transformação da floresta em savana.
Essa realidade levanta uma questão importante: até que ponto estamos dispostos a sacrificar os ecossistemas essenciais para a vida no planeta em nome do desenvolvimento insustentável?