A pesca industrial, prática que se estabeleceu desde o século 20, gera debates atuais devido aos seus impactos devastadores.
Observa-se principalmente o impacto ambiental, além de sérias consequências ecológicas, econômicas e sociais.
Além disso, essa prática captura uma grande quantidade de peixes e outros animais marinhos, utilizando técnicas e equipamentos altamente destrutivos para o ecossistema local.
Para praticar a pesca industrial, utilizam-se grandes embarcações equipadas com tecnologias avançadas, que permitem capturar em massa e explorar águas profundas e regiões remotas do oceano.
Como Funciona a Pesca Industrial?

A pesca industrial se caracteriza pelo uso de grandes navios equipados com redes de arrasto, linhas de anzol, armadilhas, além de outras ferramentas que permitem capturar grandes quantidades de animais.
Essas embarcações, também conhecidas como arrastões, projetam redes enormes no mar, capturando vários animais marinhos de uma vez só. A captura desses animais ocorre de forma “acidental”.
Além da destruição de habitats e perda da biodiversidade marinha, a pesca de arrasto está causando a desertificação do fundo do mar.
Qual a Diferença de Pesca Artesanal e Industrial?

A pesca artesanal, por outro lado, ocorre em menor escala e geralmente utiliza métodos tradicionais e sustentáveis.
Nesse contexto, os pescadores artesanais utilizam embarcações pequenas e redes manuais, para capturar peixes, sendo que essa captura ocorre em volumes menores e muitas vezes em áreas costeiras.
Assim, a pesca artesanal é, normalmente, uma atividade familiar, com menor impacto ambiental e maior contribuição para a subsistência local.
Pesca Industrial no Brasil

A pesca industrial, no Brasil, acontece especialmente em estados costeiros, por exemplo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Pará.
A frota pesqueira brasileira é composta por arrastões e barcos de cerco, que operam tanto em águas costeiras quanto em alto-mar. Isso acontece porque, infelizmente, no Brasil, a fiscalização é inadequada e ineficiente.
As autoridades estabeleceram uma regra para os 17 estados costeiros que delimita o distanciamento da costa em que a pesca industrial pode ser praticada. No entanto, devido à falta de fiscalização, os barcos costumam arrastar redes na zona de arrebentação.
O cenário no Brasil mostra uma desorganização crítica, que se agrava pela ausência de estatísticas oficiais desde 2008 e, assim, impossibilita o monitoramento de quais espécies estão sendo capturadas, e a quantidade.
Estudos recentes do grupo ReefSYN revelam que a pesca descontrolada está reduzindo as populações de recifes de corais e destacam a falta de investimentos contínuos na proteção oceânica, com apenas 4% do território marinho sob alguma forma de proteção ambiental.
Além disso, práticas destrutivas como a pesca com compressores e bombas, a pesca incidental e o conflito entre pescadores artesanais e industriais agravam a situação.
A precariedade na fiscalização, com o Ibama dispondo de apenas três barcos para um litoral de 7.300 km, mostra a gravidade do problema.
Pesca industrial e impactos ambientais

A pesca industrial tem impactos muito graves nos ecossistemas marinhos.
Um exemplo disso é o uso de redes de arrasto que destrói habitats inteiros que são cruciais para a biodiversidade marinha.
Além disso, espécies que não são alvo da pesca acabam sendo capturados “acidentalmente” e a morte desses animais chega até 40% da captura global. Esse dano colateral é chamado de “bycatch”.
Um outro ponto de preocupação é que a pesca industrial também contribui significativamente para a poluição dos oceanos e mudanças climáticas.
Isso ocorre porque as embarcações são responsáveis por uma quantidade significativa de lixo marinho, incluindo redes de pesca perdidas ou descartadas. E, em relação as mudanças climáticas, os navios pesqueiros emitem grandes quantidades de gases de efeito estufa, como dióxido de carbono (CO2) e óxidos de nitrogênio (NOx), agravando as mudanças climáticas.
Em resumo, a pesca industrial é uma das principais forças motrizes da destruição dos oceanos.
A sobrepesca leva ao colapso de populações de peixes, enquanto a destruição de habitats marinhos prejudica a capacidade dos ecossistemas de se regenerarem.
A diminuição da biodiversidade marinha tem consequências em cascata, afetando não apenas as espécies individuais, mas também as comunidades humanas que dependem dos recursos marinhos para sua subsistência e bem-estar.
Imagens de satélite mostram que muito tempo depois que a embarcação passa, as nuvens de lama seguem se espalhando e suspensas no mar.
E isso é apenas a ponta do iceberg, já que a pesca de arrasto acontece, sobretudo, em águas muito profundas para detectar os sedimentos na superfície.
Imagina então os impactos dessa prática nas camadas profundas do oceano.
Consequências da Pesca Industrial: Ecológicas e Sociais

A pesca industrial tem muitas consequências graves sobre o meio ambiente, como já mencionado.
Mas, além disso, apresenta consequências no âmbito social.
Ecologicamente, a sobrepesca leva ao colapso de populações de peixes, reduzindo a biodiversidade e causando a destruição de habitats marinhos essenciais como recifes de corais e fundos oceânicos.
A captura acidental de espécies não-alvo (bycatch), como tartarugas, aves marinhas e mamíferos, resulta em mortalidade significativa dessas espécies, muitas vezes ameaçadas.
Socialmente, a pesca industrial pode exacerbar desigualdades, levando à perda de meios de subsistência para pescadores artesanais e comunidades costeiras, aumentando a insegurança alimentar e criando conflitos entre diferentes grupos de pescadores.
Tráfico de Animais Marinhos

A pesca industrial frequentemente captura espécies como tubarões, tartarugas e raias, e depois as comercializa ilegalmente, o que agrava o problema do tráfico de animais marinho.
Dados recentes indicam que o tráfico de animais marinhos está em ascensão, com redes criminosas se aproveitando da alta demanda e dos lucros substanciais envolvidos.
A pesca ilegal, não reportada e não regulamentada (IUU) é uma grande preocupação, representando uma ameaça significativa para a conservação da vida marinha.
Pena para o Tráfico de Animais Marinhos
As penas para o tráfico de animais marinhos variam de acordo com a legislação de cada país.
No Brasil, a Lei de Crimes Ambientais (Lei nº 9.605/1998) prevê multas e penas de prisão para aqueles envolvidos na captura, transporte e comercialização ilegal de animais marinhos.
No entanto, a aplicação efetiva dessas leis muitas vezes enfrenta desafios devido à falta de recursos e à corrupção.
Conclusão
A pesca industrial, apesar de sua importância econômica, tem um impacto devastador nos oceanos e nos ecossistemas marinhos.
A sobrepesca, a destruição de habitats, a poluição e o tráfico de animais marinhos são apenas algumas das consequências graves dessa prática.
Portanto, é crucial implementar medidas rigorosas para proteger os ecossistemas marinho.