Durante toda a vida fomos condicionados culturalmente a enxergar alguns animais como alimento e de fato consumi-los. Diante dessa demanda, o uso indiscriminado de antibióticos tem se tornado uma prática comum na pecuária intensiva.
Um dos maiores propósitos dos antibióticos é o de tratar infecções, entretanto, no âmbito da pecuária intensiva, ele é constantemente usado para promover o crescimento dos animais e prevenir doenças em condições de alta densidade populacional.
Ocorre que, essa prática, embora pareça apenas trazer benefícios a curto prazo, pode gerar consequências devastadoras a longo prazo se usado indiscriminadamente, como a colaboração para o surgimento de um ambiente propício para o desenvolvimento de superbactérias.
De acordo com estudos promovidos pela World Animal Protection entre 2018 e 2022, o uso irresponsável de antibióticos na agropecuária industrial intensiva tem contribuído para a disseminação global de bactérias multirresistentes.
Essas superbactérias podem sim ser transmitidas aos seres humanos através do consumo de carne contaminada. Entretanto, existem outros meios adjascentes que também proporcionam essa contaminação.
A relação entre o uso de antibióticos na pecuária intensiva e o aumento do risco de pandemias também são frequentemente relacionadas. Isso porque o surto de infecções por bactérias resistentes já é uma realidade em várias partes do mundo.
Isso pode gerar uma grande ameaça à segurança alimentar e à saúde pública, uma vez que as bactérias multirresistentes podem contaminar a humanidade através dos animais, do meio ambiente ou dos alimentos. Atualmente, 1,27 milhão de pessoas morrem a cada ano vítimas de infecções que não respondem ao tratamento com antibióticos e estima-se que até 2050 esse número salte para 10 milhões.
Em 2018, o Plano Nacional de Prevenção e Controle de Resistência aos Antimicrobianos foi implementado no Brasil, com o intuito de conscientizar a população a respeito da resistência a antimicrobianos e seus riscos.
Além disso, tem o fim de fortalecer a base científica para garantir antimicrobianos eficazes e seguros para prevenir e tratar doenças, analisar a redução da incidência de doenças por meio de saneamento, higiene e prevenção em geral, bem como investir em pesquisas para criar novas terapias, métodos de diagnóstico e vacinas.
Mundialmente, outros esforços também estão sendo feitos, mas somente por meio de uma abordagem mais sustentável e consciente na produção de alimentos poderemos garantir a segurança alimentar e a saúde global nas próximas décadas