A Pecuária e os Impactos Psicológicos no Trabalhador Rural

A pecuária, é muitas vezes vista sob a ótica do desenvolvimento econômico e da produção de alimentos. No entanto, poucas vezes se discute o lado sombrio dessa atividade, que impacta profundamente a saúde mental dos trabalhadores do campo. 

A exploração da mão-de-obra na pecuária é um problema que vai além das condições físicas de trabalho e das baixas remunerações; ela afeta diretamente o bem-estar psicológico desses profissionais, levando a um ciclo de estresse, ansiedade e, muitas vezes, depressão.

O impacto na saúde mental dos produtores rurais e profissionais do trabalho no campo é monstruoso, uma vez que estes enfrentam diversos desafios que contribuem para o aumento de transtornos mentais, como ansiedade e depressão.

Conforme pesquisas, 36% dos trabalhadores rurais apresentam sinais de depressão, enquanto a média nacional é de apenas 15%. Além do mais, aproximadamente 40% dos profissionais do agronegócio afirmam ter sintomas relacionados a transtornos mentais.

A saúde mental é frequentemente estigmatizada entre os trabalhadores rurais. Muitos não reconhecem os transtornos mentais como problemas legítimos, associando saúde apenas a questões físicas.

O estresse causado pela pressão no trabalho, pela jornada exaustiva e pela constante preocupação com o sustento familiar é um dos maiores fatores que afetam a saúde mental do trabalhador rural. A ansiedade, por sua vez, é desencadeada pela constante sensação de insegurança financeira e pela incerteza quanto ao futuro da atividade agrícola.

A exploração da mão-de-obra no campo é um reflexo de um sistema econômico que, muitas vezes, não reconhece o valor humano do trabalhador rural. No setor da pecuária, esse fenômeno se manifesta de diversas formas, desde salários baixos até condições de trabalho insustentáveis. 

Recentemente, documento identificou mais de uma dúzia de casos em que grandes produtoras como JBS e Minerva abateram gado que poderia ter vindo de fazendas ligadas à exploração de trabalhadores.

Além disso, muitos trabalhadores não possuem acesso a direitos trabalhistas básicos, como férias, 13º salário ou licença médica, o que contribui para a precarização de suas vidas e aumenta a sensação de impotência e insegurança.

A sobrecarga de trabalho nas propriedades rurais também é um fator crucial para o agravamento dos problemas psicológicos. O trabalhador rural, na maioria das vezes, precisa lidar com jornadas de trabalho intermináveis e com a responsabilidade de realizar atividades múltiplas, sem o devido suporte.

Conforme documentário Carne, Osso da ONG Repórter Brasil, uma pessoa que trabalha na linha de desossa de frango tem 743% mais chances de desenvolver uma tendinite que quem trabalha em qualquer outro setor. Ocorre que, essas pessoas acabam trabalhando com dor crônica por pressão de sua supervisão e por medo de perderem o emprego.

A pressão por produtividade e os baixos investimentos em infraestrutura de trabalho fazem com que o campo se torne um ambiente ainda mais hostil.

A pecuária, enquanto um setor fundamental para a economia rural e nacional, não pode ser analisada apenas sob a ótica da produtividade e do lucro. É necessário que se dê visibilidade aos impactos psicológicos causados pela exploração da mão-de-obra no campo e se dê a devida importância à saúde mental dos trabalhadores rurais.

Sem um olhar atento para as condições de trabalho, para o bem-estar emocional e para os direitos desses profissionais, estaremos apenas perpetuando um ciclo de exploração que prejudica pessoas e animais durante séculos.

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