Com o fim do ano se aproximando, um debate que considero super importante precisa vir à tona: o impacto dos fogos de artifício nos animais.
Mesmo que os fogos sejam tradicionalmente utilizados nas celebrações, os efeitos graves que eles têm sobre os animais (tanto domésticos, quanto selvagens) não podem ser ignorados.
Tanto o barulho quanto as luzes intensas geram uma reação de pânico em muitas espécies, resultando em consequências que vão desde estresse severo até a morte.
Os animais domésticos são particularmente afetados. Cães e gatos, por exemplo, têm uma audição muito mais sensível do que os humanos, e o som forte dos fogos de artifício pode ser extremamente perturbador para eles.
Há inúmeros relatos de animais que fogem de casa durante essas comemorações, em um impulso desesperado de fugir do barulho. Muitos acabam sendo atropelados, ficam perdidos ou, em casos extremos, sofrem ataques cardíacos fatais.
Estima-se que, durante os períodos de festas com fogos de artifício, o número de animais desaparecidos aumenta drasticamente, algo que poderia ser evitado se as pessoas estivessem mais conscientes dos perigos que os fogos de artifício trazem.
Além dos animais de estimação, a vida selvagem também é gravemente impactada.
Aves, por exemplo, se desorientam com os fogos de artifício.
Estudos mostram que os estouros no céu, provocados pelos fogos de artifício, fazem com que pássaros voem longas distâncias, gastando toda sua energia e, em alguns casos, terminando suas vidas exaustas no mar, incapazes de voltar.
O barulho súbito e os flashes de luz também perturbam mamíferos e outros animais, que, assim como os pets, muitas vezes fogem em desespero, correndo risco de atropelamento ou esbarrando com objetos.
Um exemplo recente e trágico aconteceu no Brasil, onde um cachorro morreu depois de sofrer um ataque cardíaco induzido pelos fogos de artifício em uma celebração de Ano Novo. O animal já era idoso e ficou com tanto medo dos barulhos que seu coração não suportou.
Um outro caso, aconteceu no zoológico de Bristol, no Reino Unido, quando uma zebra jovem morreu após colidir com as grades de sua jaula, assustada com os fogos de artifício. Essa história, infelizmente, não é incomum.
Casos como esse deveriam servir de alerta pra necessidade urgente de repensarmos as nossas tradições e buscarmos soluções mais compassivas.
Para os animais de fazenda, os fogos de artifício também são perigosos. Cavalos e vacas, ao ficarem assustados, podem entrar em pânico, correndo em disparada e sofrendo ferimentos graves, ou até fatais, no processo.
A ideia de que esses animais possam sofrer tanto física quanto psicologicamente por causa de algo que é, para nós, apenas um entretenimento momentâneo, é perturbadora.
Além do que já mencionei, tem também o impacto ambiental a ser considerado.
Isso porque, os fogos de artifício liberam substâncias químicas nocivas no ar, poluindo o ambiente e podendo intoxicar os animais que inalam essas substâncias ou, no caso da vida selvagem, consomem restos dos fogos que ficam no solo.
Ainda tem a contaminação por metais pesados que são usados nos fogos de artifício. Esses elementos podem se acumular nos ecossistemas, afetando tanto animais terrestres quanto aquáticos.
Dito tudo isso, é importante lembrar que as comemorações podem ser feitas de maneiras alternativas, que não coloquem em risco a vida animal. Nos últimos anos, várias cidades ao redor do mundo têm optado por fogos de artifício silenciosos, uma alternativa mais consciente que mantém a beleza visual sem os barulhos que são tão perturbadores.
Cidades como Collecchio, na Itália, adotaram essa medida para reduzir o estresse em animais, um exemplo que poderia – e deveria – ser seguido em eventos de Ano Novo no mundo todo. Além disso, espetáculos com drones e projeções de luzes são opções cada vez mais populares e completamente livres de ruídos.
É inevitável questionar por que ainda insistimos em uma tradição que traz tanto sofrimento aos seres que compartilham o planeta com a gente. Quando pensamos em comemorações como o Ano Novo, é normal querer marcar a data com algo especial, mas o custo que os animais pagam por isso é alto demais. Se existem alternativas menos nocivas, por que não adotá-las?
A defesa dos animais e a luta por um ambiente mais seguro para eles devem ser prioridade nas discussões sobre fogos de artifício. Não se trata apenas de preferências pessoais ou de um gosto por tradições, estamos falando de vidas que são direta e gravemente afetadas por uma prática que pode e deve ser modificada.
Para os animais, o Ano Novo não é uma celebração. É um período de medo, de busca desesperada por abrigo e silêncio, e, em muitos casos, de ferimentos, fugas ou até morte.
Então, à medida que a gente se aproxima de mais um período de festividades, é muito importante lembrar que o simples ato de soltar fogos de artifício pode estar causando sofrimento extremo para os animais.
Essa é uma reflexão necessária para todos que desejam um mundo mais justo e gentil. Afinal, a verdadeira evolução como sociedade não está apenas em como tratamos uns aos outros, mas também em como tratamos aqueles que não têm voz, mas sentem o impacto das nossas escolhas.
A pressão por mudanças precisa vir de todos os lados. Organizações de proteção animal têm feito campanhas contínuas para reduzir ou proibir o uso de fogos de artifício, especialmente em locais que têm muitos animais, como reservas naturais e zonas urbanas. Cabe a nós, como cidadãos conscientes, apoiarmos essas iniciativas e exigirmos das autoridades a implementação de medidas que garantam um ambiente mais seguro para os animais.
Isso pode incluir desde a proibição total dos fogos convencionais até a promoção de alternativas tecnológicas, como shows de drones, que oferecem um espetáculo visual igualmente impactante e lindo, mas sem o custo de vidas animais.
Se desejamos um Ano Novo verdadeiramente novo, sugiro começarmos adotando uma postura mais empática e responsável em relação aos outros seres.
Que os fogos de artifício possam ser lembrados como uma tradição do passado, substituída por formas mais criativas e sustentáveis de comemorar, garantindo que todos possam viver esse momento sem medo ou sofrimento.