Nós sabemos que o planeta terra tem sua maior parte coberta por água, e é claro, sua importância é tão grande quanto o tamanho dos mares ou de duas moléculas de hidrogênio para uma de oxigênio na vida.
Simplesmente, cerca de 71% de toda a superfície da terra é oceano, 80% no Hemisfério Sul. E toda esta imensidão azul é considerada aliada do planeta na luta contra as mudanças climáticas e têm regulado a temperatura do planeta, influenciado padrões atmosféricos e sustentado a biodiversidade marinha.
Os oceanos absorvem 90% do excesso de todo o calor atmosférico gerado pelas emissões de dióxido de carbono (CO2). A água tem uma alta capacidade térmica, permitindo que se armazene grandes quantidades de calor. É exatamente o que os oceanos fazem com a Terra. Sem eles, a temperatura global seria insustentável.
Os oceanos são responsáveis por uma enorme quantidade de sequestro de carbono, o processo pelo qual o CO2 da atmosfera é absorvido e armazenado por organismos marinhos ou pelas águas do oceano. Phytoplâncton, pequenos organismos que vivem nas camadas superiores da água, desempenham um papel fundamental nesse processo, absorvendo CO2 para realizar a fotossíntese.
Quando os peixes se alimentam do fitoplâncton, ou quando os maiores animais marinhos consomem os peixes, o carbono é transferido e, eventualmente, pode ser transportado para as profundezas do oceano, onde fica armazenado por longos períodos.
Além disso, animais marinhos como baleias e outros grandes peixes, ao morrerem e afundarem, carregam consigo grandes quantidades de carbono para as profundezas oceânicas. Esses animais ajudam a “sequestrar” o carbono de forma eficaz, retirando-o da atmosfera.
Assim, os oceanos funcionam como um enorme depósito de carbono, essencial para mitigar os impactos do aquecimento global. Porém, as atividades humanas estão colocando esse sistema em risco, alterando sua capacidade de capturar e armazenar carbono de maneira eficaz.
A sobrepesca, ou pesca excessiva, ocorre quando a taxa de captura de peixes é maior do que a capacidade natural dos ecossistemas marinhos de repor essas populações. Além de comprometer a biodiversidade marinha e os ecossistemas locais, a sobrepesca diminui a quantidade de organismos marinhos responsáveis por absorver e armazenar carbono.
Com menos peixes e baleias no oceano, menos carbono é retirado da atmosfera e transportado para o fundo do mar. Além disso, a falta de grandes populações de peixes reduz a eficiência do fitoplâncton em capturar CO2, já que muitos desses organismos dependem das cadeias alimentares marinhas para prosperar.
Estudos científicos indicam que a remoção de grandes predadores marinhos, como as baleias, pode afetar diretamente o ciclo de carbono dos oceanos. As baleias, por exemplo, ajudam a fertilizar o fitoplâncton com suas fezes, promovendo o crescimento das microalgas, que, por sua vez, absorvem mais CO2.
Quando a pesca excessiva retira esses grandes animais marinhos de seus habitats, o ciclo de carbono marinho é interrompido, prejudicando o processo natural de sequestro de carbono.
O futuro dos oceanos, e do próprio planeta, depende de ações imediatas para proteger esses ecossistemas vitais e garantir que continuem a desempenhar seu papel no equilíbrio climático global.
Para isso, de fato, é necessário adotar práticas sustentáveis, para que assim, sejam restauradas a capacidade dos oceanos de sequestrar carbono, protegendo não apenas a biodiversidade marinha, mas também o clima do nosso planeta.