A mudança climática é um dos maiores desafios globais do nosso tempo e pode ser considerada uma transformação a longo prazo nos padrões de temperatura e clima. Essa mudança pode ocorrer de forma natural, entretanto as atividades humanas têm sido o principal impulsionador das mudanças climáticas, e um dos principais motivos é a queima de combustíveis fósseis como carvão, petróleo e gás.
A queima de combustíveis fósseis gera emissões de gases de efeito estufa que agem como um grande cobertor em torno da Terra, retendo o calor do sol e aumentando as temperaturas. Entretanto, existem outros importantíssimos agentes nessa problemática e um dos principais é a pecuária.
A pecuária é uma das principais fontes de emissões de metano, um gás de efeito estufa, devido à digestão dos animais ruminantes, como bois, cabras, ovelhas e búfalos. Conforme a GHGSat, 1,4 bilhão de vacas no mundo são responsáveis por produzir até 500 litros de metano por dia. Além disso, bovinos produzem de 150 a 420 litros de metano por dia, enquanto os ovinos produzem de 25 a 55 litros por dia.
O metano, além de ser um importante gás de efeito estufa responsável por 15% do aquecimento global, tem uma forte relação com a eficiência da fermentação ruminal. Isso ocorre porque a produção de metano na digestão dos animais resulta em perda de carbono e, consequentemente, de energia, o que impacta negativamente o desempenho dos animais.
Além disso, o metano é o principal responsável pela formação de ozônio na troposfera, um poluente perigoso que, além de ser um gás de efeito estufa, causa cerca de 1 milhão de mortes prematuras anualmente. Esse gás é extremamente potente no aquecimento global, sendo até 80 vezes mais eficaz que o dióxido de carbono no aquecimento da atmosfera em um período de 20 anos.
Este gás de efeito estufa tem sido responsável por aproximadamente 30% do aquecimento global desde a era pré-industrial e está se acumulando mais rapidamente do que em qualquer outro momento desde o início dos registros na década de 1980. Segundo informações da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA), mesmo com a redução das emissões de dióxido de carbono durante os lockdowns da pandemia de 2020, as concentrações de metano na atmosfera aumentaram drasticamente.
Considerando que é necessário apenas uma década, aproximadamente, para que o metano se decomponha, diferentemente de outros gases, como o dióxido de carbono, que permanece na atmosfera por centenas a milhares de anos, a sua redução é fundamental a curto prazo, para ajudar a manter o mundo em um caminho de 1,5°C.
As emissões de metano estão, sem dúvida, impulsionando a mudança climática de forma acelerada e perigosa. A pecuária, sendo uma das principais fontes desse gás, precisa ser repensada e transformada. As futuras gerações merecem que busquemos alternativas e estratégias que reduzam as emissões do metano, principalmente vindo do setor da pecuária, ao mesmo tempo em que buscamos soluções mais sustentáveis para a produção de alimentos.